terça-feira, 9 de novembro de 2010

BAIXADA SANTISTA: PROGRESSO, REFLEXÃO E SUSTENTABILIDADE ARTICULADA.

 


Esse texto foi escrito no auge da crise em 2009, em um momento no qual não havia sequer o cenário político eleitoral hoje equacionado em favor da continuidade na esfera Federal.

Mantem-se atual em função de que as ações locais seguem feitas em Mosaicos (cada Governo Muncipal por si e Deus se permitindo a ajudar a todos).

Nos últimos meses, ainda que assolados pela crise econômica que pôs limites ao evidente sucesso de nossa macroeconomia, mas não a tirou dos trilhos, diversas áreas de nossa economia anunciam explosão de atividades, em nossa região (indústria naval, porto e cargas para transporte naval, construção civil, petróleo e gás, siderurgia etc).

O momento então é de apostar as fichas no desenvolvimento de nossa região alavancado (ou arrastado) pela locomotiva da Petrobrás e seus negócios.

Essa realidade entretanto não permite esquecer que nossa região expõe contradições dos interesses do desenvolvimento econômico e da realidade da pobreza, visíveis e chocantes, mesmo onde se anuncia o sucesso local.

Quem visita o centro de Santos vê o sucesso das 'baladas', dos eixos Rua XV e Comércio e dos imóveis reformados no projeto Allegra, mas deveria dar uma voltinha em ruas importantes como Amador Bueno, São Francisco e suas paralelas, lá pelos lados da NOVA PERIMETRAL e adjacências...

Passando, no sentido do cais, pela Avenida Conselheiro Nébias, o choque é inevitável (a melhor descrição de um amigo "parece zona de guerra, abandonada"), desolação e uma realidade 'realista demais' para as lindas propagandas da bela cidade litorânea, nau maior (em números absolutos) das cidades da Baixada.

Ali a orfandade de políticas sociais tanto da assistência mais simples, como ações mais coordenadas de saúde mental e outras,  vive, ainda assim, momentos de lutas heróicas desenvolvidos por entidades como a Associação dos Moradores em Cortiço e seu esforço merecido a favor de um coletivo que nunca teve voz.

Mas a reflexão que merece ser feita é: o que fazer para que o progresso de todas as demais cidades, puxadas pela onda do ouro negro, não reproduzam a dinâmica seguimentada de progreso focado em nichos, setores da sociedade e má distribuição de benefícios? Como evitar que o benefício do resultado do esperado sucesso seja discriminatório e não atinja aqueles que eralmente precisam?

A resposta passa pela agilidade e mobilidade dos governantes locais e sua capacidade de articular as ações de fomento com a inclusão social e econômica dos menos favorecidos.

Além disso não permitir que esse incremento de riqueza permaneça 'empoçado' ao alcance restrito de poucos, assim como que não se vislumbre o assenhoramento das questões sociais (a constituição nos grita 'Seguridade Social'...) articulando políticas de emprego, renda agregada, assistência e saúde.

Por fim uma cidade não terá sucesso sozinha, e as ações isoladas ensejarão maiores dificuldades para uma cidade agir isoladamente, caso as demais não providenciem a dimunição das muitas barreiras enfrentadas pelas populações mais carentes, nas mais diversas áreas.

Nossa região é contigua e tudo se comunica ou contagia (para o bem ou para o mal).



Sebastião Antonio de Morais Filho, 46, advogado, especialista em Direito Público e Saúde Pública, associado da MACIEL NETO ADVOCACIA (www.macielneto.adv.br) em Santos, SP.

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